joanafranco.pt
Coreografia expandida / Expanded choreography
Índice / Index

Corpos frenéticos em contínuo movimento.
Ciclos de movimento. Em loop.

Corpos ‘não-corpo’. Familiares mas distantes.
Convite ao toque. Impossibilidade do toque.

dança no limbo: o corpo híbrido é uma experiência de realidade aumentada direcionada para bailarinos com noções de técnicas de improvisação. Este projeto pretende explorar novos estímulos para a composição de movimento em tempo real, como ferramenta de pesquisa para a criação coreográfica de dança contemporânea. O bailarino é colocado no limbo entre a realidade e a virtualidade, permitindo uma reformulação da experiência da fisicalidade, da consciência corporal e dos padrões de movimento habituais. Este movimento surge a partir da interpretação e consequente materialização dos estímulos, fundindo as posições de observador, intérprete e executante. A experiência é composta por duas partes (corpos loop e corpos toque) que diferem entre si no tipo de formas, nas texturas, nas dinâmicas e na composição espacial.

conceito e desenvolvimento
Joana Franco

bailarinos
Joana Franco
Jonathan Taylor
Lara Maia
Rita Nogueira

cedência de espaço
Estúdios Victor Córdon

"dança no limbo: o corpo híbrido" (dance in the limbo: the hybrid body) is an augmented reality experience designed for dancers with knowledge of improvisation techniques. This project aims to explore new stimuli for real-time movement composition, serving as a research tool for the creation of contemporary dance choreography. The dancer is placed in the limbo between reality and virtuality, allowing for a redefinition of the experience of physicality, body awareness, and habitual movement patterns. The movement emerges from the interpretation and subsequent materialisation of the stimuli, blending the roles of observer, performer, and executor. The experience consists of two parts ("loop bodies" and "touch bodies"), which differ in terms of forms, textures, dynamics, and spatial composition.

Concept and development by Joana Franco. The dancers involved were Jonathan Taylor, Lara Maia, and Rita Nogueira.

disponível aqui
Para uma experiência mais completa, é aconselhado
o uso do telemóvel e de um headset de realidade virtual.

corpos loop

Os nós torais surgem a partir de uma fórmula matemática que permite a criação de formas topologicamente equivalentes mas geometricamente diferentes, de natureza abstrata. Foram definidos intervalos de valores aleatórios para diversos parâmetros das formas: dimensão, espessura, cor, posição no espaço, rotação e velocidade da animação.

corpos toque

Na segunda experiência, os cubos com textura de pele evocam a familiaridade do corpo e compõe-se no espaço estabelecendo relações de proximidade e afastamento com o sujeito.

Foram convidados três bailarinos que, ao serem submetidos pela primeira vez a uma experiência de realidade aumentada, reagiram de imediato às formas virtuais que se movimentavam no espaço à sua volta. Foi-lhes dada total liberdade de movimento, quer de ‘mapeamento’ das formas, quer de resposta aos estímulos. Cada bailarino esteve em cada uma das duas experiências cerca de 5 minutos.

De uma forma geral, em ambas as experiências, o movimento foi contaminado pelo uso da visão como principal leitor dos estímulos e, por isso, a rotação da cabeça funcionou muitas vezes como ponto iniciador do movimento. Para além disso, a própria utilização do headset adicionava um novo peso à cabeça, afetando o nível de atenção dado a esta extremidade do corpo, não só pelo próprio bailarino, mas também por quem lê o movimento ‘de fora’.

A dispersão das formas na esfera circundante do bailarino e a procura da perceção da sua proximidade levaram a um especial (e inusual) foco no movimento das mãos, consequente de uma leitura mais detalhada do espaço e de um maior uso da motricidade fina.

A experiência corpos loop resultou em movimentos ondulatórios, circulares e repetitivos que se manifestaram sobretudo na cabeça, na coluna vertebral e nos braços. Como descreve Lara Maia, “No contexto das espirais, acho que acabei por me deixar apropriar do movimento das formas. Nesta experiência quis muitas vezes desenhar espirais com o meu corpo – braços, pernas, coluna, ou mesmo no corpo como um todo, iniciando na cabeça, contagiando o tronco e terminando numa projeção espacial através da locomoção, por exemplo […]”.

Já os corpos toque resultaram num maior uso das extremidades dos membros superiores e inferiores, bem como na rotação à volta do eixo vertical. Jonathan Taylor explica: “Na dos cubos tentava movimentar-me de forma a corresponder aos trajetos que os mesmos faziam, por vezes tentando antecipar as direções para onde iam, resultando em movimentos espontâneos de ‘fuga’ ao contacto com as figuras”. O ataque ao movimento também variou entre as duas experiências, com uma dinâmica mais rápida e direta na primeira e mais leve e suspensa na segunda.

Restante documentação: https://rva2020.wordpress.com/2020/12/16/joana-franco-projeto-final/

Bibliografia associada

Arquivo Digital da PO.EX (2008). .txt. Disponível em https://po-ex.net.

Birringer, J. (2009). Choreographic Performance Systems. In Butterworth, J. & Wildschut, L. (Eds.), Contemporary Choreography: A Critical Reader (cap. 30). Abingdon: Routledge.

Black Box – Arts & Cognition (2019). A VR Dance Study with Sylvia Rijmer – Body Logic in Virtual Reality. Disponível em http://blackbox.fcsh.unl.pt

Kaiser, P. & Forsythe, W. (2014). Dance geometry. Performance Research, 4(2), 64-71.

Pergine Festival (2018). DUST. Disponível em https://www.perginefestival.it.

Senses Places (n.d.). About Senses Places. Disponível em https://sensesplaces.wordpress.com.

Suescun-Pozas, M. (1995). The Body of Dance and Its Interactions with the Machine. Inter, 63(1), 55–56.

Valverde, I. (2010). Interfaces Dança-Tecnologia: Um quadro teórico para a performance no domínio digital. Lisboa: Gulbenkian. Disponível em https://www.academia.edu.

ver também ⟶ Sobre realidade virtual e motion capture, no contexto do projeto GhostDance (Textos / Texts)