
Corpos frenéticos em contínuo movimento.
Ciclos de movimento. Em loop.
Corpos ‘não-corpo’. Familiares mas distantes.
Convite ao toque. Impossibilidade do toque.
dança no limbo: o corpo híbrido é uma experiência de realidade aumentada direcionada para bailarinos com noções de técnicas de improvisação. Este projeto pretende explorar novos estímulos para a composição de movimento em tempo real, como ferramenta de pesquisa para a criação coreográfica de dança contemporânea. O bailarino é colocado no limbo entre a realidade e a virtualidade, permitindo uma reformulação da experiência da fisicalidade, da consciência corporal e dos padrões de movimento habituais. Este movimento surge a partir da interpretação e consequente materialização dos estímulos, fundindo as posições de observador, intérprete e executante. A experiência é composta por duas partes (corpos loop e corpos toque) que diferem entre si no tipo de formas, nas texturas, nas dinâmicas e na composição espacial.
conceito e desenvolvimento
Joana Franco
bailarinos
Joana Franco
Jonathan Taylor
Lara Maia
Rita Nogueira
cedência de espaço
Estúdios Victor Córdon
disponível aqui
Para uma experiência mais completa, é aconselhado
o uso do telemóvel e de um headset de realidade virtual.

corpos loop
Os nós torais surgem a partir de uma fórmula matemática que permite a criação de formas topologicamente equivalentes mas geometricamente diferentes, de natureza abstrata. Foram definidos intervalos de valores aleatórios para diversos parâmetros das formas: dimensão, espessura, cor, posição no espaço, rotação e velocidade da animação.

corpos toque
Na segunda experiência, os cubos com textura de pele evocam a familiaridade do corpo e compõe-se no espaço estabelecendo relações de proximidade e afastamento com o sujeito.
Foram convidados três bailarinos que, ao serem submetidos pela primeira vez a uma experiência de realidade aumentada, reagiram de imediato às formas virtuais que se movimentavam no espaço à sua volta. Foi-lhes dada total liberdade de movimento, quer de ‘mapeamento’ das formas, quer de resposta aos estímulos. Cada bailarino esteve em cada uma das duas experiências cerca de 5 minutos.




De uma forma geral, em ambas as experiências, o movimento foi contaminado pelo uso da visão como principal leitor dos estímulos e, por isso, a rotação da cabeça funcionou muitas vezes como ponto iniciador do movimento. Para além disso, a própria utilização do headset adicionava um novo peso à cabeça, afetando o nível de atenção dado a esta extremidade do corpo, não só pelo próprio bailarino, mas também por quem lê o movimento ‘de fora’.
A dispersão das formas na esfera circundante do bailarino e a procura da perceção da sua proximidade levaram a um especial (e inusual) foco no movimento das mãos, consequente de uma leitura mais detalhada do espaço e de um maior uso da motricidade fina.
A experiência corpos loop resultou em movimentos ondulatórios, circulares e repetitivos que se manifestaram sobretudo na cabeça, na coluna vertebral e nos braços. Como descreve Lara Maia, “No contexto das espirais, acho que acabei por me deixar apropriar do movimento das formas. Nesta experiência quis muitas vezes desenhar espirais com o meu corpo – braços, pernas, coluna, ou mesmo no corpo como um todo, iniciando na cabeça, contagiando o tronco e terminando numa projeção espacial através da locomoção, por exemplo […]”.
Já os corpos toque resultaram num maior uso das extremidades dos membros superiores e inferiores, bem como na rotação à volta do eixo vertical. Jonathan Taylor explica: “Na dos cubos tentava movimentar-me de forma a corresponder aos trajetos que os mesmos faziam, por vezes tentando antecipar as direções para onde iam, resultando em movimentos espontâneos de ‘fuga’ ao contacto com as figuras”. O ataque ao movimento também variou entre as duas experiências, com uma dinâmica mais rápida e direta na primeira e mais leve e suspensa na segunda.
Restante documentação: https://rva2020.wordpress.com/2020/12/16/joana-franco-projeto-final/
Bibliografia associada
Arquivo Digital da PO.EX (2008). .txt. Disponível em https://po-ex.net.
Birringer, J. (2009). Choreographic Performance Systems. In Butterworth, J. & Wildschut, L. (Eds.), Contemporary Choreography: A Critical Reader (cap. 30). Abingdon: Routledge.
Black Box – Arts & Cognition (2019). A VR Dance Study with Sylvia Rijmer – Body Logic in Virtual Reality. Disponível em http://blackbox.fcsh.unl.pt
Kaiser, P. & Forsythe, W. (2014). Dance geometry. Performance Research, 4(2), 64-71.
Pergine Festival (2018). DUST. Disponível em https://www.perginefestival.it.
Senses Places (n.d.). About Senses Places. Disponível em https://sensesplaces.wordpress.com.
Suescun-Pozas, M. (1995). The Body of Dance and Its Interactions with the Machine. Inter, 63(1), 55–56.
Valverde, I. (2010). Interfaces Dança-Tecnologia: Um quadro teórico para a performance no domínio digital. Lisboa: Gulbenkian. Disponível em https://www.academia.edu.