Abrir dois parêntesis e não se perder

Estou preocupada com a possibilidade de este texto ser roubado. Tranquiliza-me saber que as palavras são de todos. Formalmente pouco valem.
Proponho um inverso de parafrasear: moldar os meus conceitos com palavras escolhidas por alguém. Registar a minha realidade com a camada da realidade do outro.
Um manifesto.

Pensar-me como dispositivo do real.
Cruzar o meu mundo com o mundo fora de mim.
Mundo fora como laboratório de experiências.
Muscular o meu próprio sistema de análise.
Ter um real construído. Ficcionado mas com matéria do real.
Criá-lo entre a perceção e a intuição.
Depois, tornar o invisível visível.

Abraçar o convívio de coisas sem nome. Exercício que pertence à imaginação.
Ver algo escondido no interior dos frutos. Diluir a fronteira.
Não cair na rotina do gesto.

Investir nas imagens. Imagens dos outros. Imagens compósitas.
Possuir um arquivo de imagens. Sonhar para as converter.
Comer imagens para alimentar o imaginário.

A partir da conversa com Pedro Senna Nunes, organizada pela Vo’arte

8 de março de 2021